Ginja de Alcobaça

Descrição: Feito com álcool etílico, ginja da variedade Galega, originária da região, e açúcar. Sem corantes nem conservantes. O licor, vermelho-escuro, apresenta-se no mercado em garrafas de vidro branco, de forma cónica e capacidade de 0,5 litros. O rótulo pirogravado é pintado à mão, leva gargantilha e contra-rótulo com indicação dos ingredientes. A rolha é de cortiça.

Região: Lisboa e Vale do Tejo.

Outras denominações: Licor de Ginja de Alcobaça.

Particularidade: Licor com forte sabor a ginja, apresentado em garrafas de vidro, cónicas e com rótulo pirogravado.

História: A Ginja de Alcobaça é um licor conventual tradicional, resultante de receitas ancestrais de frades e freiras que, na região, fizeram escola nos diversos mosteiros (Alcobaça, Cós, S. Miguel, Batalha, etc.). A atual fórmula de confeção era pertença do Sr. Manuel de Sousa Ribeiro, industrial que residia em Valado de Frades, na Nazaré, sendo posteriormente adquirida por David Pinto e Joaquim Belo Marques da S., ambos residentes em Alcobaça. Atualmente é propriedade da firma David Pinto & Companhia, Lda., em Alcobaça. O registo do modelo de garrafa data de 17 de novembro de 1930, pelo Sr. Manuel de Sousa Ribeiro, tendo sido concebida e executada pela Sociedade Carlos Campeão, Lda., de Alcobaça (extinta). O registo do primeiro rótulo data de 17 de março de 1930, apenas com as iniciais MSR dentro de um losango. O registo do segundo e atual rótulo foi transmitido em 28 de março de 1942 a David Pinto e Joaquim Belo Marques da S. e mais tarde (22 de abril de 1952) transmitido à atual companhia. É curioso registar que, para o processamento de 500 kg de ginja, são necessárias 11 mulheres e 1 homem.

Uso: Como aperitivo ou digestivo, a qualquer hora do dia e da noite.

Saber fazer: Dado que a fórmula de confeção é um segredo bem guardado, apenas se pode indicar o seguinte: os ingredientes são a ginja Galega, da região de Sobral da Lagoa, em Óbidos, álcool e açúcar. A ginja é limpa de pés e folhas, descaroçada (com auxílio de máquina apropriada) e colocada em pipas de 200 litros. Junta-se em seguida o álcool, mexendo-se muito bem com um pau (vara). Fermenta durante 4 meses sendo todos os dias mexida com a vara. Ao fim dos 4 meses a fruta é espremida por meio de prensa manual. Procede-se, em seguida, à formação de lotes para a sua composição (adição de açúcar), filtragem e engarrafamento. Inicialmente o licor era feito com aguardente vínica, mas, dado o facto do produto final apresentar sempre um certo sabor a aguardente, optou-se pelo álcool etílico, o qual não retira o sabor do fruto.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001