Morcilha de Barrancos

Descrição: Enchido com cerca de 30 a 35 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro. É preparado com aparas de carne, sangue e condimentos (sal, pimentão, alho e cominhos). A carne é proveniente do suíno de raça Alentejana, obrigatoriamente castrado ainda em leitão, abatido entre os 12 e 16 meses e com um peso, em carcaça, de cerca 120 kg. A alimentação é feita à base de bolota (alimentação de montanheira).

Região: Alentejo.

Outras denominações: Chouriço de Carne com Sangue.

Particularidade: Tem cor escura, forma cilíndrica e é atado manualmente nas duas extremidades. É um enchido cujo processo de cura não inclui fumo.

História: A salsicharia em Barrancos data da fundação da vila, cerca de 1750. inicialmente era feita na vila de Noudar (nome árabe), situada num dos pontos mais orientais do território português e onde existia uma fortaleza militar (cujas ruínas ainda hoje são visitadas). Ao mesmo tempo que se assistia à decadência de Noudar, Barrancos foi crescendo devido a uma situação geográfica melhor, a qual permitia um maior intercâmbio comercial com a Espanha. A riqueza agro-pecuária da região, sobretudo no que se refere ao montado e ao porco alentejano, permitiu a existência de uma certa individualização dos hábitos ancestrais de preparação dos enchidos. Barrancos caracteriza-se, ainda, pela existência de um vocabulário muito particular, o «barranquenho».

Uso: Como petisco, comida assada, frita ou cozida. Como elemento de preparação de pratos tradicionais da região.

Saber fazer: É confecionada com aparas de carne, carnes sobrantes da preparação dos outros enchidos (pequenas peças parcialmente ensanguentadas provenientes das limpezas das carcaças), carne gorda e algumas gorduras, picadas com facas que permitem o corte tradicional. As carnes são em seguida temperadas com os seguintes produtos: sal, alho, pimentão da horta, pimenta e cominhos. Fica tudo a fermentar, durante 24h, dentro de cubas. Antes da operação de enchimento mistura-se o sangue líquido. A tripa é de porco e fresca e foi previamente lavada, virada e temperada com rodelas de laranja. Apôs o enchimento, as morcilhas são penduradas e expostas em salas próprias para o efeito, onde se sujeitam a um processo de cura natural no qual não existe fumo. As condições de micro-clima existentes nesta região sempre permitiram este tipo de cura. A época de produção é a da alimentação de montanheira.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001