Melão de Campo Maior e Elvas

Descrição: Fruto (Cucumis melo L.) de forma oblonga ou esférica, de casca lisa, com rugosidade pouco vincada. Tem consistência semidura/dura, com polpa amarelada ou esbranquiçada.

Região: Alentejo.

Particularidade: Fruto com aroma pronunciado, de sabor fresco e doce, com um peso médio de 2 kg. A sua consistência permite conservá-lo (pendurado) em locais frescos e com pouca claridade, durante 3 a 4 meses após a colheita, sendo uma das frutas mais apreciadas no Natal.

História: O Norte Alentejano é conhecido pelos seus produtos de qualidade, um dos quais é o Melão de Campo Maior e Elvas. Originário dos quentes vales do Irão e do Noroeste da índia, a sua introdução em Portugal está ligada aos viajantes que, em caravanas, percorriam a Península. As terras ricas, facilmente mobilizáveis, mas com uma certa consistência (franco-argilosa), a luminosidade do sol alentejano — que torna o melão mais doce — levaram a que os nossos antepassados de Campo Maior e Elvas persistissem na sua cultura, não permitindo a sua substituição. Durante anos e anos o rendimento de muitas famílias alentejanas esteve (e está) associado ao melão, através do cultivo de pequenas parcelas (searas) que conseguiam arrendar aos grandes proprietários. Ainda hoje se encontram estas famílias que vêem no melão uma fonte de rendimento, já que proporciona boas produções, com possibilidades de armazenamento e, ao mesmo tempo, com uma ocupação mínima da terra, dando o lugar a outras culturas.

Uso: O melão destaca-se pelo aroma forte e sabor delicado. O valor nutritivo é fraco, tendo um valor energético de apenas 20 a 40 calorias por 100 g e um teor proteico muito baixo. Somente será de relevar a sua riqueza em vitaminas A, B, B2 e C. É utilizado como sobremesa ou como aperitivo, sobretudo quando acompanhado de presunto. O seu sabor assegura-lhe utilização em sumos, doces e saladas de fruta e a sua consistência faz dele um dos melões procurados para os trabalhos de decoração das tão famosas «mesas de fruta», sempre presentes em aniversários, casamentos e outras festas.

Saber fazer: É necessário que o solo seja rico em matéria orgânica. A preparação do terreno implica, quase sempre, a realização de um alqueive (lavoura) de Verão. Antes da sementeira procede-se a nova lavoura para enterrar o estrume já bem curtido, seguido das gradagens necessárias para deixar a terra bem esmiuçada. A armação do terreno deve ser feita em «camalhões» (canteiros) largos, mas não muito altos, ou apenas deixando a terra rasa. A sementeira de melão efetua-se, por norma, em local definitivo. O compasso depende do sistema de sementeira, mas varia de 1 x 1 a 1 x 2 m, originando, respetivamente, povoamentos de 10.000 a 5.000 plantas por ha. A época de sementeira decorre normalmente entre março e maio, quando o perigo de geadas tardias ou frios intensos é menor ou nulo. Os campos devem ser sachados sempre que necessário. A poda, também vulgarmente chamada «capação», pode ser curta ou longa. A primeira apressa a frutificação e a maturação e estimula a formação de grandes frutos, a segunda usa-se para obter frutos médios e conduzir, de forma equilibrada, variedades muito vigorosas. O melão deve colher-se no preciso estado de maturação, para que o fruto possua a máxima dose de açúcar e a melhor textura, mantendo qualidade e capacidade de resistência ao transporte.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001