Pão de Centeio da Guarda

Descrição: Pão feito à base de farinha de centeio, com sal e fermento de padeiro. O seu aspeto interior é seco e poroso. Apresenta-se em três tamanhos: pequeno, com 10 a 12 cm de diâmetro e 400 g de peso; médio, com 13 a 15 cm de diâmetro e 800g de peso; e grande, com 16 a 18 cm de diâmetro e 1200 g de peso.

Região: Centro.

Particularidade: Pão de forma circular e convexa, com uma crosta relativamente estaladiça e gretada. Apresenta-se exteriormente enfarinhado e com cor escura na parte interna.

História: O pão de centeio foi, ao longo dos tempos, um alimento base das gentes do distrito da Guarda. A demonstrá-lo pode transcrever-se do livro Memórias do Concelho do Sabugal: «... Em todas as freguesias há o forno do povo onde os vizinhos cozem o seu pão. Cada vizinho tem obrigação de "desamuar" o forno, isto é aquecer ou lançar-lhe fogo quando lhe pertença... Todas as filhas de lavradores sabem amassar e tender o pão, preparar o forno ou pelo menos dirigir quem o aqueça e meta o pão, o vire tirando-o depois de cozido... O pão vai ao forno em tabuleiros largos e fortes, de castanho, que se compram nos mercados, envolto em panais de linho grosseiro, estopa... cada pão costuma pesar cinco ou seis arráteis e cada fornada de muitos alqueires de centeio, que chega para oito dias». Também é significativo o uso e costume que perdura ainda em certas aldeias do distrito da Guarda, que se traduz em esmolas de pão cozido em cerimónias fúnebres.

Uso: Como alimento, sobretudo de índole regional, pois deve ser consumido antes de decorridas 48 h após a sua laboração.

Saber fazer: Mistura-se a farinha com o sal e o fermento desfeito e amassa-se com água até se obter uma pasta mais ou menos homogénea. A sala onde se amassa está mais ou menos aquecida. Tapa-se a amassadeira com panos brancos e mantas para a massa levedar. Tendem-se bolas de cerca de 1Kg que se enfarinham, colocam-se num tabuleiro a descansar um pouco e vão a cozer em forno de lenha. A temperatura do forno tem influência no aspeto final do produto.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001