Cana Sacarina

Descrição: Gramínea vivaz, pertencente à espécie Saccharum officinale. Possui um colmo maciço, de cor arroxeada, do qual se retira o suco. Este, muito rico em sacarose, pode ser concentrado para a produção de mel-de-cana, destilado para a produção de aguardente ou cristalizado para obter o açúcar. Nesta cultura recorre-se à propagação vegetativa.

Região: Região Autónoma da Madeira.

Particularidade: Pedaços de cana sacarina que se podem sugar. Constitui a matéria-prima da aguardente de cana e do mel-de-cana sacarina.

História: Trata-se de uma cultura coeva dos primeiros trabalhos da colonização. As primeiras estacas foram importadas da Sicília por ordem do Infante D. Henrique, tendo sido introduzidas pouco depois do descobrimento da Madeira e, segundo parece, em 1425. Na segunda metade do século XV, a cana já era cultivada com carácter metódico, tendo-se desenvolvido e prosperado até meados do século XVI. O Dr. Manuel Constantino descreve-nos o costume que ainda perdura: «... chupam as canas quando maduras e frescas, de manhã e em jejum, só por prazer, fazendo-o porém, por reconhecerem no sumo virtudes laxativas... E é, na verdade, cousa agradabilíssima...». «Desenvolveu-se esta cultura em 1846 com o fabrico de aguardente que se generalizou em toda a ilha... manteve-se florescente... até 1882, data do aparecimento do terrível flagelo que maior dano causou nos canaviais» (Ilhas de Zargo). Apesar das flutuações na produção de cana sacarina, esta cultura permanece por ser a matéria-prima da aguardente de cana e do mel-de-cana, produtos com grande tradição na região.

Uso: Salvo pequenas quantidades que são consumidas em natureza, a cana sacarina era destinada às indústrias tradicionais de aguardente, de mel-de-cana, de açúcar e de álcool. Atualmente, apenas se destina à produção de mel-de-cana e de aguardente. As folhas, enquanto verdes, são cortadas e fornecidas ao gado.

Saber fazer: Esta cultura pode ir até aos 300 m e 200 m, respetivamente, nas costas sul e norte da ilha. A cana reproduz-se por uma estaca terminal do caule. Esta planta permite a colheita no segundo ano de vegetação, fornecendo a «soca» ou pé, e uma colheita anual até ao seu envelhecimento. A replantação periódica dos canaviais deve ocorrer de 9 em 9 anos. É muito exigente em adubações e em regas.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001