Banana da Madeira

Descrição: Plantas herbáceas, vivazes, acaules (falso tronco constituído pelas bainhas das folhas), pertencentes à espécie Musa cavendishii, com folhas frequentemente muito grandes e com altura entre 1,30 e 1,70 m. A planta multiplica-se através de rebentos emitidos a partir da base. Depois de originarem folhas, as plantas emitem um escape floral, no qual os primeiros grupos de flores originam o fruto comestível. Os frutos, dispostos em cachos, são bagas alongadas, com um comprimento médio de 14 cm.

Região: Eegião Autónoma da Madeira.

Particularidade: Fruto de cor amarela, de comprimento relativamente pequeno e de sabor agradável e característico, muito doce.

História: Eduardo Pereira (1939) refere que a introdução da bananeira deve datar de meados do século XVI. Já em 1552, Nichols, um viajante inglês que esteve na Madeira, refere a existência desta cultura (provavelmente a bananeira da terra Musa sapientum L.). Menezes (1910) considera que terá sido no século XVII que a cultura começa a ter um certo incremento. Silva (1946) refere a introdução da bananeira «Anã» - Musa acumínata Cola AAA - em 1842, originária de Demerara. Referência semelhante é feita por Pereira, nas Ilhas de Zargo, mas indicando como origem a China. Em 1911, exportaram-se 550 toneladas. É uma das principais riquezas da Madeira. As suas qualidades naturais vão-lhe conferindo uma fama quase universal.

Uso: É consumida tal e qual, a qualquer hora do dia, sendo muito apreciada como sobremesa, a acompanhar uma fatia de queijo de ovelha. É indispensável ao fabrico do licor de banana e integra alguns pratos da gastronomia local. Atendendo à sua doçura e facilidade de deglutição, são normalmente muito apreciadas pelas crianças, sendo tradicional a merenda preparada com Banana da Madeira, bolacha e sumo de laranja.

Saber fazer: Cultura muito exigente em calor e humidade, sendo a sua atividade fortemente reduzida a temperaturas inferiores a 16 °C. É esta a razão pela qual os bananais da Madeira se situam na costa mais quente, virada a sul, até aos 200 a 250 m de altitude. Os acentuados declives da ilha obrigaram a que o terreno fosse armado em «socalcos» ou «poios». A bananeira é muito exigente em água, pelo que deve ser instalada em terrenos irrigáveis, sendo necessária a rega no Verão, o que implicou a construção de extensos canais de rega - as chamadas «levadas» (porque levam a água). As adubações tradicionais são realizadas 2 a 3 vezes por ano, fazendo-se também uma cava anual para enterro do estrume. Ao longo do ano fazem-se a limpeza (corte das folhas secas), a tutoragem (apoio das plantas com cachos por meio de estacas que lhes permitam resistir ao peso e ao vento) e a seleção do rebento (anualmente é selecionada a planta – filho - que irá entrar em produção, sendo as restantes cortadas). A colheita dos cachos é feita ao longo do ano, com incidência principal nos meses de Verão. Os «cachos» são colhidos no estado de maturação adequado para que os frutos cheguem aos locais de consumo em boas condições. Antes do transporte, os «cachos» são cortados em «pencas» e embalados em caixas de cartão. As plantações novas são efetuadas entre abril e junho, sendo normal poder fazer-se a primeira colheita 16 a 19 meses após a plantação.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001