Cascarra

Descrição: Corpo alongado, adelgaçado para a parte posterior. As aberturas branquiais ficam perto da boca. Medem cerca 1m no máximo, têm duas barbatanas dorsais pequenas e a pele apresenta manchas acastanhadas pequenas e muito juntas. O seu peso é de cerca de 1 kg.

Região: Norte.

Outras denominações: Pinta-roxa, carraça, gato, caneja.

Variedade: No Sul, em vez de cascarra costuma-se usar o cação.

Particularidade: Peixe da família dos linguados.

História: Faz parte dos usos das regiões piscatórias, sendo costume comerem-no à ceia de Natal, por uma questão simbólica e tradicional. A história da Cascarra insere-se na história da alimentação humana e na necessidade de conservar o peixe para os meses de Inverno, quando os barcos não podiam ir ao mar.

Uso: Normalmente consumido às refeições e, em especial, na Ceia de Natal dos nortenhos. Contudo e fora desta região, por exemplo no Alentejo, lugar onde este peixe era raro, consome-se o cação como cascarra num prato muito típico — a sopa de cação —, dado que este peixe, após esfolado, apresenta características semelhantes à da cascarra. Antigamente, este prato era feito com cação salgado e hoje faz-se com peixe fresco.

Saber fazer: O peixe é escalado, isto é, descabeçado, eviscerado, espalmado e limpo. A seguir é mergulhado numa salmoura, durante 30 min a 1 h. É lavado em água doce e posto a secar ao sol da manhã ou ao sol do fim da tarde (não fica exposto nem durante as horas de maior calor, nem durante a noite). Deste modo, a sua secagem leva pelo menos 15 dias, podendo depois conservar-se em lugar seco. Na altura de ser consumido, põe-se de molho em água, escaldando-se a seguir para retirar a pele, que é muito dura e áspera. Só depois disto se pode cozinhar. A sua pesca é feita em moldes artesanais, a cerca de 3 a 4 km da costa, usando-se para o efeito anzóis grandes com bóia. A linha tem ponta de 20 a 25 cm em aço de 2 mm e o anzol é grande. Pesca-se durante todo o ano.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001