Pão Santoro de Pêga

Descrição: Pão feito à base de farinha de trigo, com sal, fermento de padeiro, aguardente e azeite da região. O seu aspeto interior é poroso e grosseiro. Tem cerca de 40 a 50 cm de comprimento e uma altura de 2 cm, a qual pode chegar, nas extremidades, a 4 cm. Pesa entre 250 e 350 g.

Região: Centro.

Particularidade: Pão de forma espalmada e alongado, com pontas arredondadas. É ligeiramente côncavo no sentido longitudinal e tem uma côdea relativamente estaladiça, com aspeto enfarinhado e gorduroso. Apresenta cor branco-pérola escura.

História: É um produto regional, típico do distrito da Guarda, particularmente da freguesia de Pêga. Daqui se expandiu depois a todo o concelho do Sabugal.
É um pão de festas, mais concretamente da festa de Todos-os-Santos (facto que lhe originou o nome), época em que nestas terras é frequente os padrinhos oferecerem Pão Santoro aos afilhados, da mesma forma que noutras zonas do distrito da Guarda se oferece, pela Páscoa, o Bolo Folar da Guarda. A razão da oferta do Santoro é bem prova do estatuto que este pão tem, em oposição ao pão escuro de centeio ou milho, considerado como a alimentação diária dos lavradores. Já num livro de memórias se dizia: «os padrinhos mais pobres apenas dão bolos de vintém aos afilhados, que consistem em simples bolos de pão, cuja massa é espalmada e untada com azeite antes de ir ao forno.»

Uso: Como alimento sobretudo de índole regional, pois deve ser consumido antes de decorridas 48 h após o seu fabrico.

Saber fazer: A feitura destes pães perdura ainda em algumas aldeias com tradição na área de panificação. Misturam-se os ingredientes e amassam-se com água. Cobre-se a massa com panos brancos e deixa-se descansar. A sala onde se faz a amassadura deve estar aquecida para facilitar a operação seguinte que consiste em deixar levedar a massa. Em seguida, tende-se o pão com uma forma espalmada e comprida, ligeiramente comprimido ao meio. Enfarinha-se bem, unta-se com azeite e vai a cozer em forno de lenha a cerca de 250 °C. A temperatura do forno tem influência no aspeto final do produto. Na parte final da cozedura pode ser de novo pincelado com abundante quantidade de azeite.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001