Bolo do Caco

Descrição: Pão redondo e achatado, de farinha de trigo, obtido a partir de uma massa menos lêveda que a do pão corrente, sendo cozido num caco ou frigideira de barro, aquecido em cinza quente ou em lume vivo. É característico dos arraiais e, de um modo geral, é feito na presença do freguês. O pão assim preparado, quando quente ou fresco, é fofo e muito agradável ao paladar. A proporção de farinha e de fermento é, aproximadamente, de 96% e 4%. O pão tem de diâmetro entre 15 e 20 cm e 2 a 3 cm de altura.

Região: Região Autónoma da Madeira.

Particularidade: Pão redondo e achatado, mal cozido e pouco levedo.

História: Eduardo C. N. Pereira, na sua obra Ilhas de Zargo, faz-lhe referência como sendo o pão do povo hebreu, feito com a farinha da terra, de fabrico primitivo e coevo, sem dúvida dos primeiros colonos marroquinos e que é o companheiro inseparável de viagens e romarias, tão popular em todo o arquipélago que supre o pão de trigo em casa de vilão. Tradicionalmente era cozido sobre um fragmento de telha, colocado sobre as brasas. Luiza H. Clode e José V. Adragão fazem-lhe referência nos Novos Guias de Portugal e acrescentam que, embora se trate de um produto que antigamente era de fabrico caseiro, hoje está industrializado.

Uso: Pão característico dos arraiais. Normalmente é consumido por si só, quente e barrado com manteiga de alho. Também é muito usual como acompanhamento de alguns pratos tradicionais como é o caso da espetada de carne de vaca em pau de loureiro.

Saber fazer: Massa pouco leveda, preparada como se fosse para o fabrico de pão, mas um pouco mais trabalhada até ficar bastante mole. Feito com farinha de trigo da terra, água, sal e fermento. Após a fermentação fazem-se bolas que se achatam de modo a ficarem com a forma de uma bolacha com 3 cm de espessura e palmo de diâmetro. Levam-se a cozer deixando ganhar uma crosta fina, levemente tostada, viram-se e deixam-se cozer do outro lado. Colocam-se na vertical e rodam-se para alourar os bordos. Esta cozedura é feita em frigideira de barro, abafada de cinza, em lume vivo ou ainda em cima de uma pedra de tufo/basalto aquecida no lar. É condição indispensável que a pedra esteja muito quente. Hoje já começam a utilizar-se placas de cimento.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001