Sopa de Beldroegas
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Descrição: Prato característico do Alentejo constituído por sopas migadas de pão escaldadas e enriquecidas com batatas, ovos e pedaços de queijo.

Características particulares: A sopa de beldroegas com queijo é um dos pratos mais apreciados de todo o Alentejo. A alimentação do Alentejo é fundamentalmente sazonal pelo que, nas épocas em que não há beldroegas, esta sopa pode ser confecionada com espinafres ou mesmo com alface. É conhecida a expressão “no Alentejo, com qualquer erva se faz uma sopa”.

Região: Alentejo.

Ingredientes utilizados: Beldroegas, ovos, batatas, queijinhos frescos, cabeça de alhos, cebola, azeite, pão e sal.

Modo de preparação: Preparam-se as beldroegas aproveitando apenas as folhas. Cortam-se as cebolas às rodelas e alouram-se com o azeite. Juntam-se as folhas de beldroegas lavadas e deixam-se refogar muito bem, mexendo com uma colher de pau. Regam-se com água e deixa-se levantar fervura. Retiram-se as peles brancas à cabeça de alhos, que se introduz inteira (sem retirar a pele roxa de cada dente de alho) no caldo a ferver. Juntam-se ainda as batatas cortadas às rodelas grossas. Tempera-se a sopa de sal e deixa-se cozer. Na altura de servir, introduzem-se no caldo os ovos, um a um, e deixam-se escalfar. Por fim metem-se na panela os queijinhos cortados aos quartos. Coloca-se o pão cortado às fatias numa terrina e rega-se com o caldo. À parte servem-se as batatas, os ovos, as beldroegas e os queijinhos.

Saber fazer: As beldroegas são um produto de recoleção, nascem espontaneamente nas hortas e constituíam um recurso alimentício para as famílias carenciadas, tendo dado origem a receitas típicas como a Sopa de Beldroegas. Existem variantes desta receita: substituem-se os queijinhos frescos por queijo de leite de ovelha fervido ou por queijo duro, cortado aos bocados. Na região de Évora, esta sopa não leva cebola, mas uma maior quantidade de alhos inteiros e sem serem pelados.

Formas de comercialização: Restaurantes.

Disponibilidade do produto ao longo do ano: Durante todo o ano.

Historial do produto: Com a chegada dos muçulmanos à Península Ibérica no início do século VIII, terá chegado também a açorda, quer entre os seus hábitos culturais e gastronómicos dos árabes, quer mesmo como costume divulgado na emulação do Profeta Maomé. O termo português “açorda” provém da forma dialetal do árabe andalusî, falado na Península Ibérica, thurda / çurda ou thorda / çorda e que significava “sopa de pão” ou “migas de pão cozido”. Nos dois tratados conhecidos de culinária hispano-árabe da época, encontram-se várias receitas de pratos classificados como thurûd. Nesse conjunto de receitas há um corpo de ingredientes comuns que constituirão a marca identitária do que então se entenderia como “açorda”, tais como o pão, as carnes, os vegetais e os lacticínios. No Alentejo, ainda hoje, as sopas de beldroegas, de alface e de espinafres (tecnicamente “açordas”, pois integram sopas de pão) levam queijo na sua composição (Rei, 2016).

Representatividade na alimentação local: Prato presente em qualquer casa da região.

Fonte: DGADR, com base em "Cozinha Tradicional Portuguesa", Maria De Lourdes Modesto, 1982, Verbo Editora, “Cozinha Tradicional do Alentejo - a memória dos temperos", Maria Antónia Goes, 2014, Colares Editora, Receitas e sabores dos territórios rurais (MINHA TERRA – Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local, 2013), Carta Gastronómica do Alentejo - Monumenta Transtaganae Gastronómica (Confraria Gastronómica do Alentejo, 2013), e Rei, António (2016), A Açorda. Uma sopa de pão, da Alta Idade Média à atualidade, IEM /FCSH – Universidade Nova de Lisboa.

Foto: Cedida pela MINHA TERRA – Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local