Inhame da Madeira

Descrição: Planta da família das Discoreáceas e pertencente à espécie Colocasia antiquorum. As folhas são largas e peninérvias. Possui rizomas alongados, tuberculosos e feculentos, que constituem a parte comestível que é muito apreciada pela população local.

Região: Região Autónoma da Madeira.

Particularidade: Planta alimentar cuja parte comestível é o rizoma.

História: Esta planta, da espécie Colocasia antiquorum, goza desde os tempos mais remotos de reputação de planta alimentar e parece ter sido introduzida na Madeira por volta de 1640. O inhame teve, outrora, largo consumo na ilha, sendo um dos alimentos comuns e utilizados diariamente, na época própria, pela população rural. Daí que fosse chamado o «maná desta terra» conforme inscrição de 1710 numa mesa estilizada com tampo de ardósia e incrustações coloridas, existente na sacristia da Igreja de S. Pedro no Funchal. No catálogo Cousas e Lousas das Cozinhas Madeirenses vem referido um relato de George Forster (companheiro de James Cook numa das suas expedições científicas) sobre a Madeira da segunda metade do século XVIII, no qual se pode ler: «... onde quer que exista uma superfície plana nos sítios mais altos, os indígenas fazem plantações de inhame... As suas folhas servem de alimento aos porcos e os camponeses utilizam as suas raízes para a sua própria alimentação».

Uso: Constitui um prato tradicional preferido durante a Semana Santa. O inhame branco come-se cozido, acompanhado de peixe, ou como sobremesa com mel-de-cana sacarina; também é usual o consumo do inhame frito. O inhame vermelho é utilizado em sopa, a qual leva também carne de porco, couve e feijão, e é muito procurada no Funchal. As folhas e os talos são usados para a alimentação dos porcos.

Saber fazer: Os inhames brancos dão-se nos terrenos mais húmidos, sendo arrancados de 2 em 2 anos produzindo, deste modo, rizomas grandes que chegam a atingir 2 ou 3 kg. Os vermelhos preferem os terrenos secos, originando rizomas pequenos que se retiram da terra uma vez por ano, na Primavera. Para os cozinhar põem-se os inhames de molho, preparam-se e cozem-se. Usualmente as mãos costumam ficar a «comer» (com picadas e comichão). No campo o inhame é cozido com menos água e por vezes coberto com feteiras (feto bravo) em vez de um pano.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001