Granito Montemorense

Descrição: Licor incolor, de sabor anisado muito característico, apresentado em garrafas de vidro, bojudas, baixas, com uma capacidade de 0,75 litros.

Região: Alentejo.

Particularidade: Licor de intenso sabor aromático a anis.

História: De acordo com as informações prestadas pela Sr.ª D.ª Ana Mota Vacas, esta bebida foi comercializada por volta do ano de 1898, pelo Sr. Joaquim Rodrigues Amaro, tendo como referência uma aguardente anisada que se fazia em Évora, por essa altura, denominada Aguardente de Évora. O Boletim da AGA refere que «... Também a bebida anisada Licor de Granito teve o seu berço no Alentejo, onde era fabricado com uma mistura de plantas colhidas localmente e que contém anetol, o funcho, a erva-doce e o anis estrelado. O Licor de Évora, que só nos últimos tempos passou a ser designado como licor pelo facto do seu teor em açúcar o obrigar a figurar legalmente nesta classificação, mais não era que uma aguardente anisada, levemente adocicada e antigamente produzida na região de Évora pela destilação de uma mistura de aguardente bagaceira na presença de anetol, figurando o funcho, também colhido localmente, como a planta mais utilizada para a obtenção desta essência...». Gabriel Pereira refere que «... os monges eborenses fabricavam, também, um licor cuja receita foi seguida por um companheiro de Gabriel Pereira e perdida após a morte desse seu amigo. Era um ótimo estomacal, levaria zimbro e canela em doses e preparos que só a receita diria...». João Rosa refere: «... Julgo que se tratava do celebrizado Granito de Évora de tão saborosas recordações...». Não foi possível encontrar referências em publicações anteriores, para poder relacionar o Granito Eborense, o Pedrisco (hoje já desaparecidos), o Fedrisco e o Granito Montemorense com o licor fabricado pelos Cartuxos de Évora. O único elo é a referência oral prestada pela Sr.ª D.ª Ana Mota Vacas, a qual, aliás, corrobora o significado da coincidência deste tipo de bebida na mesma zona geográfica. Na Ilustração Alentejana surge um anúncio à Destilaria Montemorense, Lda., em que figuram as seguintes especialidades: Granito Montemorense, Poejo Montemorense e Capilé Montemorense.

Uso: Como digestivo, após as refeições.

Saber fazer: O Granito Montemorense é obtido por destilação a fogo direto de álcool a 90°, com uma infusão de plantas aromáticas, das quais se destacam a badiana e os coentros. Após a extração do «espírito» é adicionado o xarope de água e açúcar com a graduação desejada.

Fonte: Produtos tradicionais portugueses, Lisboa, DGDR, 2001