Farinheira de Milho de Monchique

Descrição: Enchido de farinha e carne. Pode apresentar-se no comércio em saquinhos de pano cru ou em tripa grossa de porco. O comprimento varia entre 20 a 30 cm e o diâmetro é de 5 a 10 cm.

Região: Algarve.

Outras denominações: Morcela de Farinha.

Particularidade: Ensacado em cuja composição entra farinha de milho e canela, sendo usado como invólucro o pano cru (ou, por vezes, o intestino grosso do porco).

História: Como em praticamente todas as zonas de montanha, a criação do porco é feita desde tempos imemoriais. Este facto prende-se com a necessidade das populações das montanhas garantirem o seu aprovisionamento ao longo do ano, já que o regular abastecimento em carnes frescas não está garantido face ao distanciamento em relação aos meios urbanos e às dificuldades nas vias de comunicação. O porco, através dos produtos dele obtidos, assumiu papel preponderante devido à possibilidade relativamente longa da sua conservação, desde que preparado de acordo com as tecnologias próprias do clima da região. De assinalar, ainda, a raridade (não explicável, tanto quanto se sabe) deste modo de preparação das morcelas de farinha, designadamente quanto ao uso da canela e ao enchimento em pano cru.

Uso: A farinheira era tradicionalmente comida ao pequeno-almoço do dia a seguir ao da sua preparação. Come-se cozida ou frita em banha de porco.

Saber fazer: É obtido a partir do caldo mouro (água, cebola inteira, sal, salsa e louro) onde foram cozidas as morcelas, ao qual se adicionam carne de porco magra, picada, proveniente da limpeza da carcaça, gorduras mesentéricas de porco, também picadas, farinha de milho e condimentos sal, alhos e cebola picados, caminhos, salsa, pimenta e canela, esta em proporção superior à dos restantes condimentos. A massa obtida, após cozedura, é introduzida em saquinhos de pano cru (talegos) de comprimento variável (20 a 30 cm), ou então em tripa grossa de porco, atados com fio de coser normal, mas resistente para não abrir. Cozem em caldo mouro, entre 2 a 4 h. Secam em local arejado e devem ser consumidas num curto espaço de tempo. Atualmente conservam-se por congelação. De referir que o abate do porco é sempre feito quando a lua se encontra em quarto crescente.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001