Linguiça ou chouriço de carne do Baixo Alentejo IGP

Descrição: A Linguiça do Baixo Alentejo IGP é um enchido constituído por carne e gorduras rijas obtidos a partir da desmancha de carcaças de porcos de raça Alentejana (Sus ibericus) cujos progenitores estejam inscritos no Livro Genealógico Português de Suínos - Secção Raça Alentejana, fumado basicamente com lenha de azinho. Aos pedaços de carne e gordura são adicionados, sal, massa de pimentão, alhos secos pisados, vinho branco da região, cravinho em pó, colorau e pimenta. O invólucro utilizado é tripa natural salgada de suíno (intestino delgado). A transformação, maturação, corte e acondicionamento da Linguiça do Baixo Alentejo IGP têm lugar na área geográfica adiante delimitada.

Método de produção: Os porcos destinados ao fornecimento da matéria-prima a utilizar têm de ser produzidos em explorações agropecuárias que disponham de condições de produção compatíveis com os sistemas de produção extensivos a semiextensivos (áreas de pastagem natural, de montado e instalações que assegurem o bem estar animal quando em estabulação), verificando-se sempre, maioritariamente, um regime de produção ao ar livre.
Entende-se por transformação o processo completo mediante o qual, a carne e as gorduras rijas, obtidas na desmancha, se submetem sucessivamente a um processo de corte tradicional ("miga") seguido de tempero, enchimento e cura, no decurso do qual adquirem a apresentação, cor, sabor e aroma característicos da Linguiça do Baixo Alentejo IGP.

Área de produção: A área geográfica de produção de matéria-prima destinada à elaboração da Linguiça ou Chouriço de Carne do Baixo Alentejo IGP fica naturalmente circunscrita aos concelhos de: Abrantes, Alandroal, Alcácer do Sal (exceto a freguesia de Santa Maria do Castelo), Alcoutim, Aljezur (freguesias de Odeceixe, Bordeira, Rogil e Aljezur), Aljustrel, Almodovar, Alter do Chão, Alvito, Arraiolos, Arronches, Avis, Barrancos, Beja, Borba, Campo Maior, Castelo Branco, Castelo de Vide, Castro Marim (freguesias de Odeleite e Azinhal), Castro Verde, Chamusca, Coruche, Crato, Cuba, Elvas (exceto a freguesia de Caia e S. Pedro), Estremoz, Évora, Ferreira do Alentejo, Fronteira, Gavião, Grândola (exceto a freguesia de Melides), Idanha-a-Nova, Lagos (freguesia de Bensafrim), Loulé (freguesias do Ameixial, Salir, Alte, Benafim e Querença), Marvão. Mértola, Monchique (freguesias de Monchique, Marmelete e Alferce), Monforte, Montemor-o-Novo, Mora, Moura, Mourão, Nisa, Odemira (exceto as freguesias de Vila Nova de Mil Fontes e S. Teotónio), Ourique, Penamacor, Ponte de Sôr, Portalegre, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Sabugal, Santiago do Cacém (exceto a freguesia de Santo André), Sardoal, São Brás de Alportel, Serpa, Sines, Silves (freguesias de S, Marcos, S. Bartolomeu de Messines e Silves) Sousel, Tavira, (freguesia de Cachopo), Vendas Novas, Viana do Alentejo, Vidigueira, Vila Velha de Ródão e Vila Viçosa.

História: A Linguiça do Baixo Alentejo IGP deve às suas qualidades organolépticas a notoriedade que atingiu, nomeadamente no Alentejo e em todo o País. Esta notoriedade foi suficiente para atingir a reputação de que goza junto dos consumidores. O aparecimento deste produto perde-se na memória dos tempos. A Linguiça do Baixo Alentejo IGP integra um conjunto vasto de salsicharia tradicional da região alentejana, cujo aparecimento resulta da existência de uma oferta concentrada de carne de porco numa dada época do ano, conjugada com a existência de um microclima propício e com o saber fazer das populações.
A oferta concentrada de carne (a tradicional "matança" do porco realiza-se sempre no inverno), conduziu necessariamente ao aprofundamento das técnicas de transformação e conservação de carne de porco, pelos processos tradicionais de salga e secagem, mercê do clima propício da região.
As vicissitudes por que passou a suinicultura tradicional alentejana em passado recente fizeram perigar a continuidade da produção da genuína Linguiça do Baixo Alentejo IGP.
O ressurgimento deste produto deveu-se ao interesse crescente pela valorização de certos recursos naturais, reabrindo-se perspetivas para o desenvolvimento deste sub-sector, com implicações diretas nas tradições e aspetos sócio-económicos regionais.

Caderno de especificações (pdf)

Área geográfica