Enguias de Escabeche da Murtosa

Descrição: Enguias (sp. Anguilla anguilla) fritas, conservadas em molho de escabeche, apresentadas em barricas.

Região: Centro.

Particularidade: Enguias fritas, conservadas em molho de escabeche.

História: À medida que as areias do litoral se foram fixando, foi-se fixando também a população que, para sobreviver, recorria à agricultura e à pesca. A enguia terá sido sempre abundante nos braços da ria de Aveiro, o que daria origem a que os habitantes fizessem dos excedentes uma forma de melhorar os seus parcos rendimentos. Assim, aparecem em festas e romarias as «Fritadeiras» ou «Frigideiras», mulheres que fritavam as enguias e as vendiam. Na década de 40, com os problemas agravados pela Segunda Guerra Mundial, intensifica-se o interesse e consequente procura das enguias fritas, o que levou a que algumas «Fritadeiras» se organizassem e, numa segunda fase, com a interferência de terceiros, aparecesse pela primeira vez uma fábrica de enguias na Murtosa. Nesta fábrica, que ainda hoje se mantém, continuam-se a executar manualmente todas as operações, excluindo a esterilização e fecho das barricas em que as enguias são embaladas. O concelho da Murtosa é o único em todo o País que detém esta forma de preparação de enguias.

Uso: Apesar de ser um produto caro, ainda hoje tem muita procura, nomeadamente como petisco.

Saber fazer: Amanham-se as enguias e lavam-se bem. Temperam-se com sal. Fritam-se em óleo (antigamente em azeite) e à medida que se vão fritando colocam-se num recipiente tapado. Deixa-se ficar um pouco de óleo em que fritaram as enguias no tacho, ao qual se juntam bastantes dentes de alhos cortados, louro, cravinho e vinagre. Vai ao lume até levantar fervura e derrama-se sobre as enguias fritas. As enguias são embaladas com o respetivo molho de escabeche. Atualmente utilizam-se barricas em lata (folha-de-flandres) que vieram substituir as originais, que eram de madeira e que levantavam alguns problemas, especialmente no respeitante à esterilização e consequente conservação do produto.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001