Caldeirada de Enguias à Moda de Armazéns de Lavos

Descrição: Enguias com as batatas e pão em ensopado.

Delimitação da área geográfica de produção: Margem sul do concelho da Figueira da Foz, zona de rio.

Ligação à paisagem natural: Rio.

Ingredientes utilizados: Enguias; cebola; salsa; louro; piripiri; azeite; sal de unto; pão.

Modo de preparação: Lava-se muito bem as enguias, depois de estripadas. Corta-se cebola às rodelas para o tacho, colocando camadas sucessivas de enguias e de cebola. Acrescenta-se um raminho de salsa, louro e piripiri. Adiciona-se um pouco de água, azeite a gosto e sal do unto. Vai a cozer em lume brando só o tempo necessário para cozer as enguias, para que não se desfaçam. Retira-se do lume o tacho e com uma concha tira-se um pouco de caldo para uma terrina, onde já deve estar o pão partido aos pedaços e despeja-se por cima. Come-se as enguias acompanhadas com este ensopado.

Saber fazer: Esta iguaria é temperada com o sal da manteiga (unto do porco com sal).

Formas de comercialização: Restauração e casas particulares.

Historial do produto: O hábito de aproveitar os peixes dos rios e valas foi sendo perpetrado pelas gentes do concelho da Figueira da Foz. As redes para pescar as enguias eram deixadas nas valas e depois recolhidas. Com o proveito da pescaria, em casa preparavam-se as enguias essencialmente de quatro formas: em caldeiradas, em ensopados, fritas e ainda grelhadas, servidas com salsa picada e vinagre. Em armazéns de Lavos, as mulheres vendiam os cambos de enguias. Um conjunto delas era enfiado em arames e colocados em cestos de junco. Na década de cinquenta do século passado, Maurício Pinto e Raimundo Esteves descreviam as pescarias no Mondego: “arranja-se um bom barqueiro destes que já têm brancas na cabeça e sabem do seu ofício a valer. Aluga-se por preço módico uma bateira por um dia (…). Larga-se cedo da doca. Sobe-se o Mondego, até à confluência do Rio Pranto. Quando o barqueiro determinar, para-se e fazem-se uns cercos ao peixe. As senhoras e cavalheiros aprendem a pescar à linha (…). Arranjam-se uns robaletes, solhas, tainhas, o que vier à rede ou ao anzol – tudo é peixe (…) Ou então, enfia-se a gente num carro, e vai-se até aos Armazéns de Lavos, um pouco além da Gala, do outro lado do rio. Ali se encomenda uma caldeirada de enguias. Só eles a sabem fazer!” (Pinto, Esteves, 1951).

Fonte: Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas