Funcho dos Açores

Descrição: O Funcho é a espécie botânica Foenniculum vulgare Miller. É uma planta herbácea vivaz, espontânea nos Açores, de folhas muito recortadas de cor verde glauco e bolbo duro, pequeno. Utiliza-se principalmente a rama embora as sementes também se usem, sobretudo para aromatizar queijos e pão. O principal constituinte do Funcho é a essência de anetol.

Região: Açores.

Particularidade: Nos Açores utiliza-se em especial a rama do funcho que, nestas ilhas vegeta espontaneamente nos campos.

História: Ignora-se se o Funcho já existia nos Açores aquando da chegada dos primeiros navegadores portugueses ou se lá terá sido introduzido pelos primeiros colonos. O que se sabe é que a história do funcho encontra-se ligada a toda uma culinária extremamente rica em condimentos. Assim, o Funcho entra numa tradição olfativa como por exemplo cita Carreiro da Costa «... e já que aludimos às festas do Espírito Santo, igualmente diremos que elas se caracterizam pelos cheiros, que mesmo isolados, logo as fazem lembrar: os cheiros da massa sovada e dos pães de leite aromatizados com ervas santas; os cheiros do funcho que cobrem as carnes...».

Uso: O Funcho é utilizado na confeção de uma sopa, à qual se acrescenta feijão e rama de funcho. Um dos caldos mais populares da ilha Graciosa leva milho cozido, feijão vermelho e Funcho cortado miudinho. Este caldo é preparado no Inverno e Primavera quando o Funcho está mais viçoso. A sopa de funcho também aparece na ilha Terceira e em S. Miguel, onde o feijão vermelho é substituído por feijão branco ou fava. O Funcho também é utilizado com fins medicinais sob a forma de chá. As sementes de funcho são utilizadas na indústria caseira de licor de anis; há o costume de colocar dentro da garrafa um ramo de funcho seco, deitando-se açúcar em calda por cima deste; depois do açúcar cristalizar no ramo, enche-se a garrafa com o licor de anis.

Saber fazer: O Funcho é praticamente espontâneo em todas as ilhas açorianas, sendo colhido à medida das necessidades pessoais ou do mercado. No entanto, a colheita faz-se com maior intensidade no Inverno e na Primavera, época excelsa para a planta.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001