Couve Penca de Chaves

Descrição: A Couve Penca é a parte comestível (pé, folhas e olho) da couve portuguesa, Brassica oleracea, variedade Tronchuda. É uma planta de tamanho grande, com peso de 8 a 10 kg, de diâmetro inferior a 90 cm, caule grosso a médio e longo, cicatriz foliar grande, 10 a 12 folhas de pecíolo e folha grande arredondada, elíptica ou reniforme, de cor verde a verde-clara, com margem subinteira ou crenada, de muitas nervuras brancas em ambas as páginas e pseudo-repolho central muito grande, elíptico ou irregular. É uma couve muito tenra.

Região: Norte.

Outras denominações: Couve Tronchuda. Couve Toncha. Couve Manteiga.

Particularidade: Pseudo-repolho central, rodeado por folhas abertas bem desenvolvidas, com características sápidas e aromáticas reconhecidas.

História: Desde há muito que a produção desta couve é realizada nas várzeas dos rios que atravessam a região do Alto Tâmega. Não é afetada pelas geadas, antes tira vantagem destas, uma vez que a textura se altera e a torna menos fibrosa. Já o Cónego Dr. António Figueiredo refere: «… crescem as folhas em largas rodadas como corola, envolvendo outras camadas de folhas que se vão sobre-pondo, enroladas em forma de concha longa, mimosas e esbranquiçadas, fechando-se num olho grande e cego» e ainda: .a importância vem não só da alta e própria qualidade destas plantas mas da escassez de alimentos hortícolas na área das geadas constantes e fortes». Também J. Manuel Cotelo Neiva escreve: «É o dia da Consoada. Neste dia todos jejuam, ou melhor, fingem jejuar, pois comem o jantar habitual e a noite ceiam o bacalhau com batatas e a couve guisada, prato que nunca pode faltar.

Uso: Muito consumida durante todo o ano as refeições, sendo de especial apreço na consoada de Natal, onde não pode faltar a acompanhar o bacalhau e as batatas cozidas.

Saber fazer: Cultivada em todos os quintais das habitações e também em hortas, para comercialização. Esta couve é muito influenciada pelo clima: as melhores produções obtêm-se com temperaturas baixas e em terrenos férteis e húmidos. Os solos indicados devem ter elevada capacidade de retenção de água mas também drenagem suficiente para que se evitem excessos. A data da sementeira (de agosto a dezembro) e a duração do período de cultivo interferem nas propriedades nutricionais da couve. Tradicionalmente a sementeira era feita em alfobre, sendo depois mudada para lugar definitivo em outubro. A rega era feita com o auxílio de «cegonhas» (noras ou baldões) para retirar a água dos poços.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001