Amêndoa de Trás-os-Montes IGP
Descrição: A Amêndoa de Trás-os-Montes é o fruto da amendoeira (Prunus dulcis L.), das variedades Guara, Soleta, Lauranne, Ferraduel, Marinada, Ferragnez, Belona, Vayro, Refego, Verdial e Pegarinho, ou de outras variedades que ve-nham a ser utilizadas, e destina-se à alimentação humana.
A Amêndoa de Trás-os-Montes deve encontrar-se sã e seca, isenta de lesões por pragas ou doenças e sem quaisquer odores ou sabores atípicos ou sinais de rancificação.
 
 Método de produção: A produção da Amêndoa de Trás-os-Montes compreende as fases de instalação do pomar de amendoeiras, atividades culturais e produtivas no amendoal, colheita da amêndoa, secagem prévia, descasque, pelagem, corte e torragem.
A Amêndoa de Trás-os-Montes, proveniente de pomares instalados na área geográfica de produção, deve ser alvo de secagem prévia até à obtenção do grau de humidade pretendido. As práticas agrícolas devem cumprir com as exigências legais, bem como promover a segu-rança alimentar do produto.
O embalamento das diversas apresentações da Amêndoa de Trás-os-Montes deve ser efetuado em materiais adequados ao produto de forma a garantir a conservação das suas características e qualidades originais. A amêndoa com casca pode ser comercializada em embalagem que permita o contacto do produto com o ar, as restantes formas devem ser embaladas com materiais adequados que permitam o isolamento e conservação do produto.
 
Características particulares: A Amêndoa de Trás-os-Montes pode ser comercializada com casca ou sem casca. Quando sem casca pode ainda apresentar-se crua ou torrada nas formas que se seguem:
Crua (com ou sem pele): inteira, laminada, palitada, granulada ou moída;
Torrada (com ou sem pele): inteira, laminada, palitada ou granulada.
A amêndoa com casca apresenta uma dimensão mínima de 25 mm enquanto que a amêndoa sem casca deverá ter mais de 10 mm. Quanto à secagem, o fruto seco, com ou sem casca, deverá ter um teor de humidade inferior a 6,5% e no fruto torrado esse limite desce para 2%. O teor de lípidos da Amêndoa de Trás-os-Montes da amêndoa crua é superior a 55% MS e o da amêndoa sem casca torrada é superior a 50% MS.
A comercialização da Amêndoa de Trás-os-Montes e respetiva apresentação é variável, tanto no tipo de embalamento como no que respeita ao peso de cada forma de embalamen-to.
 
Área de produção: A Amêndoa de Trás-os-Montes é produzida em todos os concelhos do distrito de Bragança, designadamente, Alfândega da Fé, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vimioso e Vinhais, bem como os concelhos de Valpaços, Murça e Alijó do distrito de Vila Real, os concelhos de São João da Pesqueira, e Penedono do distrito de Viseu, e o concelho de Vila Nova de Foz Côa do distrito da Guarda.
As fases produtivas da Amêndoa de Trás-os-Montes que ocorrem, obrigatoriamente, na área geográfica identificada são a instalação do pomar, as atividades culturais e produtivas da amêndoa, a colheita da amêndoa e a secagem prévia.

História: Ao longo do tempo são diversas as referências que evidenciam o reconhecimento do produto na região.
O Foral Manuelino de Bragança, de 11 de novembro de 1514, referia que as amêndoas por britar da região encontravam-se entre os produtos tributados, pelo valor que lhes era reconhecido. As amêndoas eram reconhecidas, não apenas na região, sendo, também, comercializadas para o exterior, para as regiões de Castela e Galiza, em Espanha, para Porto e Lisboa, partin-do desta última para as regiões ultramarinas como atestava António Carvalho da Costa em 1706.
O alemão H. F. Link, a propósito de uma viagem que realizada pela região entre 1797-1799, descreve a vila de Freixo de Espada à Cinta como um local rodeado de outeiros férteis onde se produziam amêndoas, entre outros produtos.
D. António Xavier Pereira Coutinho, numa carta datada de 1876, enviada a um amigo, caracteriza o distrito de Bragança, reconhecendo o valor económico da amêndoa em Trás-os-Montes.
Em 1988, o Eng. Sousa Veloso, reconhecido agrónomo e apresentador do incontornável programa “TV Rural”, esteve presente nas “Jornadas Profissionais da Amêndoa” que se realizaram na região e que motivaram a produção de 4 episódios para este programa.
Trás-os-Montes é, historicamente, a região do país com maior área e volume de produção de amêndoa e, após alguns anos em queda, atual-mente apresenta um crescimento e rejuvenescimento, com a implantação de novos amendoais, reforçando a sua importância económica e social e caracterizadora da paisagem da região. A produção e o consumo de amêndoa estão estreitamente associados a uma forte tradição regional, com uma enorme importância no rendimento das famílias, suplementando-o, e contribuindo para a paisagem rural e combate à desertificação socioeconómica de zonas deprimidas, em especial na região Interior Norte.
A importância da amendoeira, a nível económico, ambiental e social, é inquestionável e caracteriza a paisagem, sendo uma das principais fontes de rendimento na região de Trás-os-Montes.
A expansão da área de amendoal é uma realidade e, em simultâneo, verifica-se a escolha de variedades distintas das variedades locais, uma vez que estas últimas florescem na época de maior risco de geadas. Na verdade, o sistema produtivo tem vindo a ser modernizado com o objetivo de melhorar a rentabilidade dos amendoais, permitindo desta forma, atrair jovens produtores e dinamizar a economia em Trás-os-Montes.
Como é possível verificar nos Recenseamentos Agrícolas publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a área de amendoeira existente em Trás-os-Montes no ano de 2009 era de 16 506 ha e, em 2019, essa área aumentou para os 25 575 ha. Esta área corresponde a 51,7% da área total nacional. É possível observar que nos últimos 10 anos o número de explorações em Trás-os-Montes teve um aumento de 42,7%, tendo sido identificadas 14161 explorações na região, o que denota o interesse e a importância da produção em Trás-os-Montes, com particular destaque para o número de empreendedores envolvidos na produção de amêndoa.
De entre as tradições locais associadas à Amêndoa de Trás-os-Montes, destaca-se a partidela da amêndoa, com direito a recriações periódicas no município de Torre de Moncorvo, a título de exemplo. A partidela é o processo de partir ou britar a amêndoa e era realizada em conjunto pelos vizinhos, num sistema de ajuda e muitas vezes ao serão, sendo uma oportunidade para o convívio entre as pessoas participantes com conversas, cantigas e brincadeiras.
A utilização da amêndoa na confeção de produtos tão diversos e enraizados na cultura da população de Trás-os-Montes como, por exemplo, a reconhecida Amêndoa Coberta de Moncorvo IGP, a Chouriça Doce de Vinhais IGP, o Toucinho do Céu de Murça (herança das freiras Beneditinas que estiveram instaladas na vila até finais do séc. XIX) ou as Barquinhas e os Rochedos de Alfândega da Fé, são evidências da sua presença na gastronomia regional.
A ligação da Amêndoa de Trás-os-Montes à área geográfica não se esgota na produção do fruto, estendendo-se ao turismo e à atração de visitantes à região para visitar as amendoeiras em flor.
 
 
 
Organismo de Controlo e Certificação
CERTIS – Controlo e Certificação, Lda.
 
Publicação no jornal oficial da UE
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Publicação em DR
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