Maçã Porta da Loja

Descrição: Frutos de cor básica amarela, mas muito manchada de vermelho, com carepa irregularmente espalhada dispersa, sendo a roseta de olho aberto, com sépalas centripto-divergentes, sabor acídulo e polpa amarelada de consistência firme.

Região: Norte.

Particularidade: Maçã muito rústica, de coloração manchada de vermelho e que aparece no mercado no início da Primavera.

História: Esta variedade é muito antiga na região. Aurélio Oliveira refere-se com especial ênfase ao plantio de pomares na cerca do Mosteiro de Tibães, não referindo a espécie ou variedade. Neste período, os monges Beneditinos definiam normas a respeitar pelos caseiros, no que se referia aos cuidados a ter com as fruteiras, estabelecendo coimas para quem arrancasse árvores de fruto. Em 1926, no II Congresso de Pomologia, cita-se como sendo colhida esta maçã em Tibães (macieiras velhas) na propriedade de José Marques. Confirmou-se que este senhor era o antigo proprietário do Mosteiro de Tibães.

Uso: Esta maçã está associada a uma tradição praticamente em desuso e que consiste em ser comida na noite de Natal. A maçã é assada no forno (Merelim de S. Pedro) ou nas brasas (Santo Estêvão do Penso), depois é misturada numa caneca de vinho verde tinto (vinho novo) e açúcar, sendo depois comida. A isto se chama sopas de cavalo cansado, contrariamente ao que sucede em outras regiões do País onde este nome se aplica a sopas de pão e vinho com açúcar. Também em algumas aldeias era costume oferecer estas maçãs ao padre, pela altura da Páscoa.

Saber fazer: É uma maçã que se usa principalmente em bordadura dos campos, sendo de maturação tardia. Conserva-se fora do frio vários meses sem perder as caraterísticas. Antigamente era costume pôr-se palha debaixo das macieiras para que as maçãs, ao caírem, não se machucassem e assim a recolha era feita com a fruta bem madura pois esperava-se pela queda natural. A maçã era conservada no meio do milho (em arcas de madeira), em prateleiras nas lojas das casas antigas (nas quais se designava por loja o local situado no piso térreo onde se guardavam os alimentos e outros artigos domésticos). Hoje a colheita faz-se a partir de outubro.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001