Arroubo

Descrição: Doce feito com mosto de uva e fruta da época (pêssego, maçã, pêra, melão), em partes iguais. Apresenta-se em tigelas de barro de 250 g.

Região: Lisboa e Vale do Tejo.

Outras denominações: Arroube. Arrobe. Uvada.

Particularidade: Doce escuro, granuloso, sem açúcar acrescentado.

História: É um doce feito na altura das vindimas, e que ao longo do ano substitui a manteiga para barrar o pão, numa região que tinha poucas tradições de consumo de mel e era, por excelência, produtora de vinho e fruta. É um doce muito antigo que remonta à época em que o açúcar era escasso no país. É difícil encontrar as suas origens, mas para muitos lisboetas que, na altura da segunda Grande Guerra, procuravam as aldeias para uma melhor alimentação, a feitura do doce nas casas agrícolas produtoras de vinho faz parte das suas recordações mais marcantes. Têm sido feitas várias tentativas de produzir o doce industrialmente, em pequena escala, para aproveitamento do excesso de uva e de maçã, mas até hoje nenhuma foi para diante. Virgílio Dantas define «arrobe» como «xarope que se obtém pela concentração, pelo calor, do xarope de mosto de uva até reduzir o seu volume a 1/3. Também se dá o mesmo nome ao doce cuja base é o mosto concentrado e em cuja composição entram várias frutas. A concentração do mosto que dantes tinha carácter caseiro é hoje efetuada em regime industrial representando assim uma fonte de escoamento de produtos vitícolas».

Uso: Como sobremesa mas, sobretudo, para barrar o pão ao pequeno-almoço ou ao lanche.

Saber fazer: Num tacho de arame ou cobre deita-se o mosto obtido a partir das uvas que foram pisadas no lagar. Usa-se, normalmente, o primeiro mosto. A esse mosto acrescentam-se as frutas previamente cortadas em bocados grosseiros. Põe-se o tacho sobre um tripé na lareira e compete aos mais jovens, que não estão na vindima, mexer o doce para não pegar. O doce ferve até ter uma consistência de pasta grossa, o que se verifica arrastando a colher de pau no fundo do tacho e verificando se abre «estrada» (tal como se faz para a marmelada). A seguir coloca-se o doce em tigelas de barro vidrado e cobrem-se as tigelas com papel vegetal embebido em aguardente. Por vezes, quando o doce chega ao ano seguinte, apresenta à superfície uma crosta de açúcar cristalizado.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001