Pão-de-Ló de Alfeizerão

Descrição: Bolo preparado com ovos, açúcar, farinha, sal e aguardente vínica que baste. O bolo é extremamente leve e frágil, sendo por isso vendido apenas no local de fabrico. Apresenta-se no comércio em caixas de cartão com o logótipo da fábrica. Outrora, a fita que envolvia a embalagem levava um selo de chumbo, garantindo a genuinidade do produto. Existem quatro tipos de embalagem: grande, média, média pequena e pequena, consoante o formato do bolo.

Região :Lisboa e Vale do Tejo.

Particularidade: Bolo muito leve e fofo, redondo e côncavo ao centro. Vendido apenas no local de fabrico.

História: A sua história perde-se no tempo. Contudo, crê-se que tenha tido origem no Mosteiro de Santa Maria de Cós (Alcobaça) e que seja resultante de receitas ancestrais de freiras, cujo culto culinário fez escola na região, tendo a vila de Alfeizerão sido considerada a herdeira da receita. Sabedor do segredo, o prior de então, Padre João Matos Vieira, por uma questão de sobrevivência durante a Revolução de 1910, iniciou, com a ajuda de familiares e amigos, a confeção e comercialização deste produto. A estrada de ligação Lisboa-Porto passava, então, por Alfeizerão e os motoristas cedo adquiriram o hábito de aí pararem para comprar o tão apreciado bolo. Na gíria dos motoristas, o bolo também se chamava o «Pão-de-Ló do Preto», porquanto à porta da loja existiam dois bonecos pintados de preto. Se o empregado não estivesse, o cliente pegava no bolo embalado e selado e deixava o dinheiro no balcão, numa demonstração de honestidade já rara nos nossos tempos.

Uso: A qualquer hora do dia, como guloseima. Ainda hoje há motoristas que se desviam da estrada principal para irem comer uma fatia de bolo.

Saber fazer: Batem-se os ovos com o açúcar, o sal e a aguardente (a maior parte dos ovos não leva a clara). Bate-se durante muito tempo, até a massa crescer consideravelmente, e a seguir junta-se a farinha e continua-se a bater. Coloca-se a massa na forma untada e leva-se ao forno a temperatura adequada (um dos segredos de fabrico), colocando um papel pardo por cima da forma, o que também favorece a cozedura do ló (creme). À medida que vai crescendo, vai-se moldando com os dedos a base para o ló (outro segredo de fabrico). O bolo deve ficar fofo e húmido. Quando pronto, forra-se a caixa de embalagem com papel vegetal, formando uma cruz. Coloca-se o bolo e puxam-se as folhas de papel de forma a cobrirem o bolo.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001