Pinhão de Alcácer do Sal

Descrição: O miolo de pinhão é obtido a partir da semente do Pinus Pinea L, da família das Pinacea. Tem cor branco-marfim, bem marcada, sem qualquer defeito ou cheiro, e o sabor é característico. As dimensões médias do miolo de pinhão situam-se entre 13 mm e 5,3 mm, com uma relação comprimento/largura da ordem dos 2,47.

Região: Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo.

Outras denominações: Miolo de Pinhão de Alcácer do Sal.

Particularidade: Miolo de pinhão descascado, de cor branco-marfim característica, particularmente saboroso, decorrente do seu modo de obtenção e preparação.

História: O consumo e comércio de pinhão tiveram, desde sempre, particular importância na região. A introdução de maquinaria facilitadora da quebra e descasque da semente incrementou ainda mais esta atividade. A importância do comércio de miolo de pinhão era tal que levou a que este fosse denominado de «ouro branco». Tal como os restantes frutos secos, o pinhão já era utilizado pelos navegadores portugueses na época dos Descobrimentos, dada a sua elevada capacidade de conservação e o seu valor energético. A tradicionalidade do consumo do pinhão é facilmente comprovada pelo seu uso nas mais antigas receitas da doçaria regional e tradicional portuguesa.

Uso: O miolo de pinhão é muito apreciado como aperitivo, mas também é usado na doçaria tradicional, como, por exemplo, na Pinhoada. Também se usa em alguns pratos de culinária, como ingrediente de diversas receitas de arroz e de saladas.

Saber fazer: O miolo de pinhão provém de pinhais de pinheiro manso onde, tradicional e praticamente, não se usam tratamentos fitossanitários ou adubos durante o período vegetativo, o que lhe poderá vir a conferir o direito ao uso da menção «Pinhão biológico». As pinhas são colhidas a partir do primeiro dia de Janeiro e colocadas depois ao sol, em eiras. É particularmente interessante todo o trabalho de apanha das pinhas, destacando-se, pela sua primitividade, o instrumento usado pelos apanhadores para subir ao pinheiro. Depois de apanhadas, as pinhas são abertas sob ação do calor solar ou, quando tal não é possível, a abertura é forçada pela aplicação de calor seco (fornos) ou vapor de água. Depois de abertas, as pinhas são agitadas, para obtenção do pinhão em casca. O pinhão em casca é submetido a uma britagem manual ou mecânica, sendo depois utilizados crivos apropriados para separar o miolo das cascas. O miolo é lavado e seco em estufas de ar quente, geralmente obtido por combustão da casca do pinhão e das pinhas. Seguidamente, e para manter a uniformidade de cor dos lotes, o pinhão passa por separadores eletrónicos. Posteriormente, e como fase final do processo, efetua-se a escolha manual de modo a assegurar a qualidade dos diversos lotes. O miolo é finalmente embalado em sacos de plástico de 125 g, 250 g, ou 1 kg, com ou sem vácuo.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001