Bolota

Descrição: Fruto de forma oval, de cor castanha, cuja parte comestível corresponde à amêndoa. Esta tem igualmente forma oval, cor branco-amarelada e é constituída por dois cotilédones. A bolota, muito rica em óleo, pesa cerca de 10 g e mede 5 cm de comprimento.

Região: Alentejo.

Outras denominações: Boleta. Boletra.

Particularidade: Fruto seco da azinheira (Quercus ilex), cujo consumo pode ser feito tanto por homens como por animais.

História: Pesquisas arqueológicas demonstram que a Bolota foi utilizada na alimentação humana dos primeiros povos da Península. Há vestígios do seu uso na confeção de pão e de uma bebida fermentada, extremamente nutritiva, e que seria comparável à atual cerveja. No Sul do País a mancha de floresta original é constituída por sobreiros e azinheiras (montado), A azinheira é uma árvore de porte variável, que raras vezes ultrapassa os 15 m, e forma larga copa. Por isso, os seus frutos amadurecidos têm tendência a espalhar-se pelo solo em redor facilitando a sua utilização como alimento de gado, sobretudo suíno, que a pasta diretamente. Nas descrições sobre os enchidos alentejanos foi salientada a influência que este produto tem sobre a qualidade da carne de porco. Foi talvez por os pastores notarem a forma como os animais mostram a sua preferência pelos frutos de certas árvores que os levou a experimentarem a sua ingestão, dado que no Alentejo é corrente o ditado popular «... se queres conhecer o teu corpo, abre um porco...». Na verdade, ainda hoje a Bolota é um alimento complementar para certas populações desfavorecidas (dado os seus elevados teores de gordura e proteína), continuando a ser utilizada, depois de seca e moída, para o fabrico de «pão».

Uso: Como complemento de alimentação, sobretudo das populações rurais, e como petisco depois de assada. A importância da Bolota na alimentação das populações rurais foi tão grande que serve, ainda atualmente, como elemento de decoração de vários doces no Alentejo, já para não referir o seu aparecimento na heráldica municipal.

Saber fazer: Colhem-se as bolotas das variedades mais doces e, se consumidas em cru, descascam-se e comem-se. Se consumidas assadas, torna-se necessário golpear a casca do fruto antes de o colocar ao lume para evitar que estale. Usualmente, nas longas noites de Inverno, as populações rurais assam-nas no borralho da lareira. Também é usual a venda, nas feiras, de enfiadas de bolotas bem secas (aveladas) que aparecem então com um miolo mais escurecido, duro e bastante doce.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001