Espécies de S. Jorge

Delimitação da área geográfica de produção: Ilha de S. Jorge, Açores.

Ingredientes utilizados: 500 g de açúcar ;250 g de pão torrado ; 25 g de canela ; 30 g de erva doce moída ; meia colher de café de pimenta-da-jamaica ; raspa da casca de 1 a 2 limões ; 25 g de manteiga ; massa tenra.

Modo de preparação: Leva-se o açúcar ao lume com 2 dl de água e deixa-se ferver até fazer ponto de fio. Junta-se o pão ralado na máquina e os restantes ingredientes. Mexe-se tudo e deixa-se cozer até a espécie ficar consistente. Deixa-se arrefecer de um dia para o outro.
Prepara-se a massa tenra como se diz para os pastéis de arroz (ver receita) e com uma carretilha cortam-se em tiras com cerca de 4 a 5 cm de largura e o comprimento que se quiser. Marca-se o meio da massa no sentido longitudinal, e numa dessas metades dão-se uns golpes pequenos horizontais. Sobre a parte da massa inteira coloca-se um rolinho de espécie. Cobre-se este com a parte da massa cortada obtendo-se um rolo que se fecha molhando as pontas de massa. Com estes rolinhos fazem-se argolas, letras, meias-luas, etc.

Disponibilidade do produto ao longo do ano: Sempre disponível.

Historial do produto: É um dos doces mais conhecidos da Ilha de S. Jorge, feito à base de açúcar, pão ralado e muitas especiarias, tendo um sabor e aroma forte e funcho (erva doce). A receita tradicional, ao que conseguimos apurar, não foge à transmissão oral, de geração em geração, que terá chegado aos nossos dias. Confeccionada em toda a ilha, dos Rosais à vila do Topo, é uma “receita” da ilha, como o dragão é de S. Jorge, que se apresenta em todas as festas, populares e familiares, como um dos doces mais exóticos da doçaria regional açoriana, para delicia dos visitantes. De fácil preparo e pela diversidade de gostos é, como tudo em gastronomia, uma questão de mais este ou aquele ingrediente ou a substituição de algum por produto hoje mais usuais, como por exemplo a manteiga. O que não retira o essencial ao doce. A massa, estaladiça, quase “quebrada”, sem adição de açúcar, confere um contraste aberto ás especiarias e uma envolvência de frescura ao anetol clarificando todo o conjunto, libertando-o do “peso” do açúcar e do pão ralado. O nome “espécie” deriva, possivelmente, das especiarias que compõem o doce, de origem jorgense. Porém, não é de rejeitar a possibilidade de influências recebidas, do Alentejo e da Flandres, nos séculos do povoamento. Também tratados por “bichos”, dada a sua parecença, durante a feitura, com a lagarta (bicho da Seda) que apresenta o recorte colorido no dorso, a que alguém terá assemelhado o doce, pensamos…

Disponibilidade do produto (em extinção, oferta contínua, recuperação): Em qualquer estabelecimento de pastelaria, equipamento de restauração e superfícies comerciais, da ilha de S. Jorge, é presença inevitável. Fora da Ilha, encontram-se nas grandes superfícies comerciais.

Fonte: Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas

Fonte da imagemCentro Regional de Apoio ao Artesanato - Governo dos Açores